sexta-feira, 18 de março de 2011

Vende-se liberdade
    

Em recentes leituras e apreciação da arte visual me deparei com dois trabalhos artísticos que estão me fazendo entender o caráter que tem sido dado a arte em nossa sociedade.
O documentário Guidable - A verdadeira história dos Ratos de Porão mostra a história de três décadas de som de umas das bandas mais influentes da cena underground do Brasil.
Retrata a trajetória da banda Ratos de Porão desde o início, influenciada pelo movimento punk de São Paulo na década de 80, que tinha ainda influências de Hard Core passando para a fase crossover indo para Trash Metal (considerado uma traição pelo movimento anarco-punk por isso). Ratos de Porão iniciada por Jão, Betinho e Jabá passou por diferentes formações, com a entrada de João O Gordo após a participação da banda na gravação no LP Sub produzido pelos Estúdios Vermelhos do baterista do Cólera, Redson, e tinha a participação de outras bandas de punk como o próprio Cólera e o Psycoze.
O Ratos de Porão e as demais bandas de Punk Rock do período traziam o espírito libertário da arte que é sua característica indissociável. O caráter independente e por que não revolucionário, deste período do movimento fundamentado principalmente no pensamento anarquista são exemplos da verdadeira forma de expressão que a arte deve ter: liberdade e individualidade.
Contudo o (digamos) desfecho da banda no documentário me remete a um recente estudo que tenho feito. Que é a leitura do MANIFESTO POR UMA ARTE REVOLUCIONÁRIA E INDEPENDENTE da (FIARI) escrito em 1938 por Leon Trotski e André Breton na Cidade do México, no qual questiona a postura dos artistas do período e o caráter meramente utilitário atribuído a arte, fazendo com que desse modo ela perca suas características principais de independência para a transformação da sociedade. Nesse sentido o manifesto escrito em 38, mesmo escrito em um período de tempo completamente distinto, fala exatamente de que maneira e porque uma banda como o Ratos de Porão capitulou ao sistema de tal forma que caracteriza a venalidade dada a seu trabalho artístico, participando de programas de TV como os do Gugu Liberato (SBT) e Angélica (Rede Globo). Essa postura é compreendida por uma das falas de João Gordo em entrevista no documentário na qual ele diz que um dos motivos dos Ratos terem optado pelo Trash Metal foi as menininhas bonitinhas que colavam nos shows.
É exatamente disso que está tratando o Manifesto da FIARI. Artistas da URSS produzindo seus trabalhos, pontoGOV, (para o governo, em troca de benesses e subvenções) submetendo dessa forma seu trabalho artístico a interesses outros, contrariando um aforismo sem  o qual arte não pode existir: toda licença em arte.
Tais posturas dão o panorama de como arte está sendo considerada em nossa sociedade: um mero meio para autopromoção, ganhar dinheiro (ficar rico) e pegar mulheres.
O pior é que é com nossa contribuição, pois nos calamos diante disso...

Por uma Arte Revolucionária e Independente!!!

“O escritor deve ganhar dinheiro pra escrever, e não escrever para ganhar dinheiro.” (Karl Marx)

(Pedraum)
(postado anteriormente no mundoilustrado.zip.net)

Um comentário:

  1. Quem é o gostosão daqui??? Foge fode mulher maravilha!!! É isso aí parceiro tô sempre aprendendo bastante lendo seus textos e agora no blogspot não poderia ser melhor, vamos nessa, tamo junto.

    ResponderExcluir