terça-feira, 22 de março de 2011

FERIDAS COLORIDAS

I
Feridas coloridas
Estampadas nos veículos
Muitas são futilidades
Todas adquiridas
Marca-se o concreto
Muda a natureza, tira do lugar
Marca-se a vida
Com as mãos sujas
Ou limpas não importa
Até quando não quer, modifica

Na construção da história
No fazer cotidiano
No viver simplesmente
Grava na memória

Nos livros, ruas e avenidas
Pelo discurso
Pelos gestos
Até mesmo pelas brigas
O que vive e o que não vive
Teus dias, tua casa
Tudo tem pelas tuas mãos
Tua peculiaridade em marca

Até o tempo

II
O tempo. Esse jovem ancião
Que chega na despedida
Remexido por teus atos
Tua cheirada, tua lambida
É aspirado,
Encharca as vestes
Com o fel de tua saliva

Simbologia,
Representação.
Lembrança.
A mãe querida.
A mulher amada
A pele inflamada
Ou a pele traída
Superficial
Na concretude dolorida
Profunda, inapagável
Na intensa
Mente confundida
É luta por liberdade
Ou aparente danação bíblica
Suportável dor
Em sua cabeça é carícia
Rasga a pele deixa o traço
Com cortes delícia

III
Se teu viver é marcado
Por tua gaiatice
A sabedoria é formada
Pelo tempo em velhice
Sem se privar de ser quem é
Muito menos do que quer ser
Delator da mesmice

Toda em preto,
Muitas cores,
Eu te amo
Ou Matisse
Tens a marca do teu tempo:
Que lutou por liberdade
Que não arrumou emprego
Que sofreu tortos olhares
Que não agradou a sogra
Que perdeu amizades
 Mas viveu tua meninice.

(Pedraum)

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